O papel em branco às vezes parece ameaçador, mas é um mundo a se percorrer. A fala não é de um artista ou ilustrador. É do arquiteto Matheus Ribeiro, que encara os projetos como a criação de uma narrativa, que vai desde a concepção da planta até do closet. "Eu adoro a possibilidade infinita de soluções, materiais e técnicas."
O gosto pela arquitetura vem de criança. Ao brincar com Lego, ele deixava os bonecos em segundo plano; seu interesse era construir cidades e edifícios. Hoje está à frente do escritório que leva seu nome. Desenha e acompanha o andamento de projetos de arquitetura residencial e comercial, além de cenografia para eventos e fotos.
A inspiração, conta,
vem de um instante, um olhar. "Acontece em qualquer lugar." Mas
Matheus considera a arte um universo muito rico para pesquisa, já que
instalações, obras com luz e sombra, novas mídias lidam com concepção de espaço
sob o viés particular do artista. Viajar também o inspira. "Algumas
viagens marcantes e principalmente a
experiência de morar fora ajudaram a instigar o olhar para a importância da
arquitetura e a visão de um fazer cidade mais organizado, humano e democrático."
Matheus é fã confesso
do trabalho de arquitetos como Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha. Além disso,
tem interesse pela atuação de escritórios como Una, Tacoa e Marko Brajovik. Seu
projeto atual predileto é o complexo da Praça das Artes, do Brasil Arquitetura.
" Vejo uma tentativa tímida mas importante de parceria pública com
escritórios de arquitetura para criação de equipamentos urbanos e habitação
social e, ainda que pontualmente, há bom exemplos de soluções, como o Jardim
Edite, do escritório MMBB", afirma.
Se não fosse
arquiteto, ele talvez seria trompetista ou clarinetista. Afinal, é apaixonado
por jazz. Ou então chef de cozinha. Mas seu emprego dos sonhos atualmente é o
de pensador e propositor do espaço público de São Paulo. "Vivemos um
completo abandono e descaso. A cidade não é agradável de se percorrer,
sobretudo como pedestre", explica.